Seleção, Avaliação e o Jogo Dramático:
A eficácia do Jogo Dramático na seleção é obtida pelo fato de o
individuo estar simplesmente jogando, o que já elimina a possibilidade de a
situação torna-se fonte de angústia ou ansiedade para ele, pois o próprio jogo
cria uma atmosfera permissiva, que dá condições ao aparecimento de um
comportamento espontâneo e criativo no individuo, entendido por “conduta em
campo relaxado”.
As percepções geradas são essenciais para obter e compreender as
dimensões de comportamento e conferir maior precisão e credibilidade aos
processos de avaliação.
Na seleção é necessário lidar com um paradoxo: ao mesmo tempo em que o
jogo demanda espontaneidade por parte dos jogadores, um jogar ativo e
voluntário, cada candidato deve mobilizar-se em direção as suas metas, de modo
a aprender, a criar, a crescer e demonstrar suas variantes de atuação, no aqui
e agora, com uma “espontaneidade” que muitas vezes pode ser não-manifestada.
Aquecimentos poderão amenizar esta situação.
Outro paradoxo também vivido no ambiente de trabalho: espera-se que as
pessoas selecionadas tenham o perfil acima descrito, mais na maioria das
organizações tais características não podem ser aplicadas na prática, devido
tanto à natureza do negócio quanto ao estilo de gestão.
Nesse aspecto, o selecionador poderá criar condições para que demandante
evite um erro fatal de exigir possibilidades dos profissionais que jamais serão
experimentadas; essa falta de integração entre o discurso e a prática dos
empresários tem gerado frustração recíproca entre as partes, sem contar os
enormes prejuízos financeiros advindos de uma seleção ineficaz.
Das percepções obtidas no Jogo Dramático, associadas às advindas de
outros instrumentos utilizados ao longo do processo seletivo, pode-se obter uma
hipótese conclusiva que sinalize as possibilidades de reações comportamentais e
atitudinais daqueles indivíduos nas situações do dia-a-dia empresarial face ao
contexto preestabelecido.
Nessa fase é importante fornecer um parecer conclusivo a respeito dos
profissionais envolvidos, visando a ampliar os acertos nas contratações.
Operacionalmente é vital que os participantes saibam de todos os
objetivos propostos nas etapas e que sejam monitorados em todas as fases quanto
aos resultados obtidos. O resultado final deverá ser informado tanto para o
escolhido como para os demais participantes, pois todos eles, cada qual a seu
modo e seu tanto, poderão criar mecanismo de melhorias de performance e avaliar
se o processo lhes propiciou crescimento e autoconhecimento.
Conclui-se que no Jogo Dramático existem regras especificas, desempenho
dos papeis e exploração de características e competências demonstradas pelos
participantes, visto que neste contexto, a ação do Jogo esta diretamente ligada
aos objetivos da avaliação. É “jogo”, porque promove o lúdico e a
espontaneidade; é “dramático”, pois trabalha os conflitos através da ação. O
seu uso na seleção fica restrito às características e emoções ligadas ao papel
profissional e às suas inter-relações, com processamentos mais pontuais, que
também tem por vocação contribuir para o crescimento e a aprendizagem do
individuo e do grupo, de modo a permitir um ambiente saudável dentro das
dinâmicas grupais.
Fonte: Beatriz Flecha, Pontes do
Psicodrama. Belo Horizonte: 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário