Esta é a Minha lei:Não permitas que a verdadefique sem nascer.E se tu não podes suportar a verdade,ajuda aquele que pode suportá-laFaz com que ela floresçae preencha o mundo inteiro.
J. L. Moreno
– Moreno diz que quanto mais perturbado estiver à organização mental, maior
será a ajuda do Ego Auxiliar. A partir do conceito de Ego Auxiliar ele discorre
sobre o conceito de Mundo Auxiliar. O que é Mundo Auxiliar?
Quanto
mais perturbada parece estar à organização mental do paciente, maior é a ajuda
que o ego auxiliar deve oferecer e maior a necessidade da sua iniciativa. Podem
ser necessários numerosos egos auxiliares e, no caso da psicose grave e
estabelecida, a tarefa com que o ego auxiliar se defronta está além da
possibilidade de tratamento eficaz. O paciente mais benigno, por muitas que
sejam as ajudas de que possa precisar para chegar a uma realização mais
satisfatória ainda vive no mesmo mundo que nós. No caso de um paciente mais
grave, a realidade, tal como é usualmente experimentada e substituída por elementos
delirantes e alucinatórios, o paciente precisa de mais que um ego auxiliar, ele
precisa de mundo auxiliar.
O
Mundo Auxiliar é a tradução dos cuidados das expressões verbais, gestos,
delírios e alucinações do paciente para uma linguagem poética, como base para
construir um realidade poética, um mundo auxiliar.Os Egos Auxiliares uma vez
familiarizados com a linguagem poética e com a estrutura do mundo auxiliar do
paciente, poderá atuar nesse mundo, assumindo papeis adequados às necessidades
do paciente, falar e viver com ele em sua própria linguagem e em seu próprio
universo.
– O que é Psicodrama Bipessoal? Quais são os passos para seu desenvolvimento?
É uma
abordagem terapêutica oriunda do Psicodrama, que não faz uso de ego-auxiliaries
e atende apenas a um paciente de cada vez, configurando uma situação de relação
bipessoal, ou seja, um paciente e um terapeuta. Geralmente as sessões são de 50
minutos, numa freqüência de uma a duas vezes por semana. Nem todas as sessões
culminam em dramatização, pois as vezes faz-se necessário elaborar verbalmente
o material já obtido anteriormente do que iniciar, compulsivamente, uma nova
dramatização. Nas sessões em que são utilizadas dramatização, a metodologia
básica consiste em:
·
Estimular
algum tipo de aquecimento inespecífico e específico em movimento, alem do
aquecimento inespecífico verbal. Cre-se que essa fase seja essencial para
evitar as chamadas “dificuldades de se dramatizar com almofadas”. Quando o
diretor e o paciente estão suficientemente aquecidos, esse tipo de incapacidade
não ocorre, pois o “como se” toma conta da sessão capacitando o protagonista a
funcionar com níveis ótimos de abstração;
·
Utilizar
almofadas ou objetos da sala para marcar os papeis complementares;
·
Propor
a técnica de tomada de papeis para que o paciente possa ir definindo e
experimentando o papel complementar;
·
Quando
o paciente retorna ao seu papel, costume emprestar minha voz e, as vezes,
minhas força física à almofada, a fim de manter o aquecimento e dar mais
veracidade à dramatização. Nessas ocasiões, me refiro ao papel complementar na
terceira pessoa do singular;
·
Raramente
contraceno ou assumo o papel do paciente, e, quando o acontece é de forma bem
breve;
·
Preferencialmente
utilizo a técnica da entrevista, que me permite mobilidade para ir e vir, entre
a fantasia do paciente e a realidade da sessão;
·
Alem
das técnicas da entrevista, utiliza-se vários outros recursos e quase todas as
técnicas clássicas de dramatização.
-
No livro Sobrevivência Emocional qual é o tema desenvolvido por sua autora Rosa
Cukier? Qual a sua importância para compreensão de Matriz de Identidade?
O
tema desenvolvido em seu livro é sobre a criança interna. O objetivo do
trabalho com a criança interna dos adultos é fazer com que eles tomem
responsabilidade por seu comportamento atual, compreendendo as distorções e o
forte impacto das experiências precoces da infância em suas vidas. O foco
principal do trabalho não é rememorar ou culpar/perdoar os adultos que cuidaram
do paciente quando criança, mas sobretudo, compreender o que esses pacientes
fizeram consigo mesmos, como resultado de como viveram as relações de
dependência infantis .
A
partir do trabalho com a
criança interna, o terapeuta poderá verificar em qual locus de sua infância
ocorreu à falha no desenvolvimento, e poderá retornar e rematrizar.
– A psicoterapia da Relação foi desenvolvida por Fonseca. Como ele utiliza as
técnicas propostas por Moreno?
O
psicoterapia da relação é um misto de diretor de psicodrama e ego-auxiliar, ou
seja, um ator terapêutico, entretanto o cliente sempre deve estar sendo
interpretado. Não há marcação de cenas, elas são presentificadas, no aqui e
agora. Não há ação corporal entre
cliente e terapeuta, para se evitar a indução transferêncial e comportamento
emocional desnecessário, preservando assim a relação um pouco mais distante,
necessária para o diretor. A psicoterapia não parte de hipóteses teóricas,
apenas mergulha no papel em jogo, fluindo a partir do que ele capta consciente
e inconscientemente.
– No livro Psicodrama da Loucura, Fonseca, desenvolve uma nova leitura sobre a
evolução da Matriz de Identidade, completando o Teoria de Moreno. Descreva as
fases da Matriz proposta por Fonseca.
1)
Indiferenciação: é a fase do duplo, o individuo está indiferenciado, o EU e o
TU não estão delimitados;
2) Simbiose:
caminho para ganhar a identidade como pessoa;
3)
Reconhecimento do EU: é a fase do espelho, o protagonista pode ver-se através
do desempenho do seu papel, pelo ego-auxiliar;
4)
Reconhecimento do TU: iniciam-se as pesquisas sobre o TU;
5) Relações
de corredor: acontece a brecha entre fantasia e realidade, o TU existe só para
o eu, possessividade;
6)
Pré-inversão: acontece o jogo de inversão sem reciprocidade, sem o TU
(bonecas);
7)
Triangulação: inicio das relações a três, aparecimento do ELE;
8)
Circularização: entrada em grupos de mais pessoas, NOS;
9) Inversão
de Papeis: troca recíproca – Tele;
10)
Encontro: dois seres se fundem e retornam revitalizando identidades
-
Descreva: O que é Jornal Vivo?
No Jornal Vivo, ocorre
apresentações improvisadas, não só em caráter mas também em sua forma de
conteúdo. Uma das formas que melhor se
ajusta ao ideal e a apresentação de notícias cotidianas.
O seu desenvolvimento e inédito, os atores só no dia da representação são informados
dos enredos que apresentarão, pelo Diretor diante da público.
O jornal vivo é usado como quadro para escrever uma peça bem feita e bem
polida, todos os recursos convencionais do teatro voltam, automaticamente a
entrar em ação . A idéia de fazer com que o presente social de uma comunidade
seja experimentado dinamicamente por todos os seus membros de um modo ativo é
destruída. Um jornal vivo, uma vez produzido e repetido perante muitos públicos,
como qualquer outra peça de teatro, entra em conflito com o fato de que existem
centenas de outras versões dos mesmos eventos e problemas que não são
transmitidos para experiência dos espectadores.